sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Serenidade....

Hoje estou mais sereno no meu interior, mais calmo no meu espírito, no fundo, sinto-me resignado e conformado com o que tenho. Não vale a pena esperar muito mais nem ter expectativas, as coisas são como são, sobretudo se não estão ao nosso alcance.

Não posso mudar quem não quer ser mudado, nem mostrar algo diferente a quem não quer ver, mas posso sem duvida, ensinar uma criança, mesmo que apenas tenha 5 anos, a lidar com os medos, enfrentar receios, gerir expectativas, para que quando crescer veja a vida de um modo
mais suave e belo, algo que as pessoas na generalidade não fazem hoje.

Estive mais de meia-hora, a explicar que a minha filha não tinha nada que temer a apresentação de Natal da escola de ballet, depois de me confessar que não queria ir. Percebi logo, receia que não dance bem, que as outras meninas que lá estão há mais tempo sejam melhores. Não foi difícil faze-la ver que isso não é o mais importante, que todos temos que ir aprendendo na vida, tal como ela aprendeu nos ultimos 3 anos na escola, e que as pessoas aprendem a uma velocidade e a tempos diferentes.

Recordei-lhe como ela chorava nos primeiros dias de escola, que não queria ir, por desconhecer, e como hoje adora, aprender, brincar, fazer amigos. Quando desconhecemos, há sempre receios, medos, que podemos vencer se não desistirmos.
Transmiti a ideia de que o ballet, não é uma competição, não há nada para ganhar, que ela deve encarar as aulas como algo onde aprende, e acima de tudo, se diverte.

Expliquei que os receios que ela tem, o pai também tem, todas as pessoas têm, não importa se crianças, se adultos, grandes ou pequenos, novos ou velhos, há sempre momentos na vida, na escola, no trabalho, que surge ansiedade e medo de falhar, e que só há um modo de viver isso, é assumir o erro com naturalidade, e aprender com o mesmo, procurando fazer melhor.
Ela espontâneamente, mostrou com um exemplo, simulou um passe de ballet falhado, em que caía ao chão, levantou-se, e fê-lo de inicio e bem, dizendo a seguir: "Era isto que eu faria, as pessoas não me ficariam a ver a chorar no chão".

Antes de se deitar, disse-me para terminar, na sua sabedoria de 5 anos: "papá, foi muito boa esta conversa".

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