sábado, 2 de fevereiro de 2008

Rio de Mouro...

Esta semana Rio de Mouro foi noticia nos meios de comunicação, noticia pela negativa, noticia pelas mortes de duas pessoas em consequência de tiros junto à estação de comboios.
Eu até aos 9 anos vivi em Rio de Mouro.
Em RM eu fiz a primária, numa daquelas escolas antigas, que embora estivesse num suburbio da capital, se assemalhava aquelas que temos no nosso imaginário, e que hoje ainda vemos no esquecido interior do país.
Em RM tinha aulas de manhã, almoçava em casa de uma tia do meu pai, e depois ia brincar para a rua, toda a tarde. Voltava ao fim do dia, ainda antes dos meus pais regressarem do trabalho. Jogava à bola, ao berlinde, conquistava mundos ao espeta. Exploravamos os principios da mata que circundava RM. Iamos a casa uns dos outros. Procurávamos privacidade para jogar ao bate-o-pé e com isso dar os primeiros beijos.
Como era bom a pureza e inocência desses tempos.
Não tinha eu 10 anos, e na fatídica estação, eu brincava, e também apanhava o comboio uma ou duas vezes por semana, para Lisboa, sozinho, para vir ter aulas de inglês no Cambridge na Avenida da Liberdade.
Hoje, olhando para trás parece inconsciência uma criança vir assim sozinha. Não era. Os tempos é que mudaram.
Havia àrvores, pinheiros, flores e papoilas à volta de RM.
Não havia o monstro de Massamá e consequentes pólos dormitórios semelhantes que inundaram a linha de Sintra.
Não havia a pressão social cosmopolita dos dias de hoje. Não havia gangs, lutas por território. Droga e tráfico era algo abstracto de uma realidade má mas desconhecida.
25 anos depois, não sei se a evolução foi positiva, ou sequer se houve algo que se possa apelidar de evolução.

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